NEGER Telecom destaca-se entre as empresas que colaboram para superar o gargalo das telecomunicações no Brasil

Data de postagem: Jun 28, 2014 12:14:32 AM

Especial | 13/06/2013

São 5 negócios, pequenos e médios, que colaboram para superar o gargalo das telecomunicações

Bruno Vieira Feijó, da Revista Exame PME

São Paulo - Celular que não funciona direito, mesmo dentro da cidade. Sinal de TV que falha após uma chuvinha. O acesso à interneté problemático — um estudo das universidades europeias Oxford e Oviedo coloca o Brasil na 38ª posição em qualidade de banda larga numa lista de 42 países.

Segundo a pesquisa, a velocidade, o preço e a estabilidade de acesso da internet brasileira estão em piores condições do que em países como Peru e Argentina. Um dos principais motivos do atraso é bom — muito mais gente tem acesso a serviços detelecomunicações do que antigamente.

Hoje, por exemplo, há mais de um celular por brasileiro. O aumento da demanda revelou deficiências na infraestrutura. Elas atrapalham a vida das empresas e de cidadãos excluídos das vantagens de uma sociedade mais conectada.

O papel dos empreendedores para mudar esse cenário e promover a inclusão digital tem sido determinante. É o que mostra esta reportagem, a quarta da série Sou Empreendedor — Meu Sonho Move o Brasil, sobre como pequenos e médios negócios são necessários para melhorar o Brasil.

Os cinco empreendedores que aparecem nas próximas páginas estão à frente de cinco pequenos e médios negócios que estão crescendo ao fornecer soluções capazes de diminuir os grandes gargalos das telecomunicações. A fluminense Gigalink levou internet de banda larga para a periferia de municípios do Rio de Janeiro, onde as grandes operadoras não tinham interesse em atuar.

A Neger Telecom, de Campinas, no interior paulista, criou um aparelhinho que consegue ampliar o sinal de celular em áreas rurais e regiões afastadas, onde a comunicação só se dava por satélite. A Linktel, de Barueri, em São Paulo, oferece internet sem fio gratuita para a população de cidades onde, muitas vezes, não havia antes nenhuma tecnologia de acesso.

De Palhoça, em Santa Catarina, a fabricante de soft­ware e hardware Cianet está capacitando pequenos provedores de acesso para que eles se transformem em verdadeiras operadoras e possam oferecer a seus clientes combos de internet, telefone e TV, tal qual as grandes companhias do setor.

Em Campinas, a paulista Ícaro Technologies se especializou em fazer diagnósticos de qualidade de redes de telecomunicações. Seu trabalho permite às operadoras monitorar em tempo real eventuais falhas e resolvê-las — ajudando, por exemplo, a restabelecer o sinal de internet, TV e telefone quanto antes. Veja suas histórias.

A última fronteira do celular

Pelo menos três vezes por ano, um grupo de médicos, enfermeiros e outros profissionais sai de Campinas, de São Paulo e do Rio de Janeiro para levar atendimento médico gratuito a tribos indígenas da Amazônia. Eles são integrantes da Expedicionários da Saúde, ONG que levanta barracas nas comunidades ribeirinhas e as transforma por dez dias num pequeno hospital móvel.

O movimento é grande — só para tratamento de catarata são feitas 20 cirurgias por dia. Nesses locais com infraestrutura precária, os celulares são o meio de comunicação mais prático para a equipe da expedição.

"Além de falar com a família, frequentemente precisamos solicitar ajuda para cirurgias mais complicadas, além de comida, remédios e combustível para alimentar o gerador de energia", diz Ryan Ferreira, de 39 anos, engenheiro responsável pela tecnologia das expedições.

Até três anos atrás, o custo das ligações saía muito caro para a ONG — cerca de 3 reais por minuto. É que boa parte das tribos visitadas fica em áreas isoladas em meio à floresta tropical, onde o celular normalmente não funciona. A única transmissão disponível era por satélite.

Agora, sempre que a cidade mais próxima com antena para celular fica a uma distância de até 30 quilômetros, a expedição dispõe de uma alternativa bem mais barata. Trata-se de um kit fabricado pela Neger Telecom, de Campinas, no interior de São Paulo, composto de uma antena compacta e um amplificador de sinal. O aparelhinho capta o sinal de celular da torre mais próxima e o irradia para o entorno.

"Até 20 pessoas podem, simultaneamente, acessar a internet e fazer ligações com seus próprios aparelhos", diz Eduardo Neger, de 39 anos, dono da empresa.

A engenhoca foi desenvolvida há quatro anos com base na experiência de Neger em instalar torres e grandes antenas em fazendas e indústrias afastadas da cidade, como mineradoras e siderúrgicas.

"Percebi que o uso da tecnologia poderia ser popularizado se conseguíssemos criar um kit que pudesse ser despachado pelos Correios e instalado facilmente por qualquer eletricista", diz Neger.

Investimentos em pesquisas e na linha de produção permitiram vencer o desafio. Hoje, os kits de amplificação de sinais telefônicos são vendidos para pronta entrega por cerca de 2.000 reais e ajudaram a empresa a faturar 4,5 milhões de reais em 2012.

Na última década, os celulares vêm se transformando no meio mais rápido e barato de ter acesso à informação. Isso explica, em grande parte, por que mesmo as populações mais pobres do planeta não prescindem do uso do aparelho — tanto para fazer ligações quanto para acessar a internet.

No Brasil, são 262 milhões de linhas ativadas — 1,33 por habitante. No entanto, a falta ou a má qualidade do sinal ainda são recorrentes. O maior vilão é a falta de antenas e torres de transmissão.

"O território brasileiro é 25 vezes maior do que a Itália, mas com o mesmo número de antenas", diz Eduardo Grizendi, professor do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), faculdade em Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais. As operadoras culpam a burocracia.

Estima-se que existam no país mais de 200 leis estaduais e municipais que regulam a instalação de antenas e redes, o que pode estender os prazos de emissão de licenças em mais de um ano.

A tecnologia desenvolvida pela Neger tem uma série de aplicações. Pode ser usada num posto isolado, como uma fazenda, um hotel ou um barco, ou num local onde existam alguns tipos de barreira física que fazem cair as ligações, como elevadores e garagens.

"Meu desejo é desenvolver um aparelhinho que basta ser colocado na janela de casa para fazer chegar o sinal de celular a qualquer cidadão que enfrente esse problema", afirma Neger.

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http://exame.abril.com.br/revista-exame-pme/edicoes/0062/noticias/por-um-pais-mais-conectado