Empresa leva sinal de telefone para regiões isoladas do País

Data de postagem: Jan 25, 2012 1:30:55 AM

Terça-Feira, 02 de Fevereiro de 2010 | Versão Impressa

Para crescer, Neger Telecom investe em pesquisa tecnológica

Alexandre Rodrigues

RIO

Onde um galo canta, um telefone toca. Essa é a promessa que os técnicos da Neger Telecom fazem quando alguém procura um dos seus produtos de telefonia rural. A pequena empresa de base tecnológica de Campinas, no interior paulista, está se destacando no segmento de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) ao investir na superação de qualquer desafio: levar telefone e acesso à internet a baixo custo a regiões isoladas, que não interessam comercialmente às grandes operadoras de telefonia celular.

A empresa que o engenheiro Eduardo Neger herdou da família desenvolveu uma série de equipamentos, de antenas a roteadores, que permitem esticar a cobertura de celular à propriedades distantes de zonas urbanas. A tecnologia, batizada de Ruralcel, usa antenas de alto alcance para buscar o sinal mais próximo das localidades, geralmente das margens de rodovias. Segundo Neger, os equipamentos conseguem otimizar a captação e alcançar uma zona coberta a até 60 quilômetros de distância. O sinal de tecnologias como GSM e 3G é captado e usado para telefone fixo e internet banda larga nas residências e escritórios de fazendas com tarifas bem próximas à da telefonia convencional.

Os números podem aparecer nas listas telefônicas, o que dá às fazendas números comerciais a um custo bem mais baixo. "Hoje, a grande demanda rural é o acesso à internet. As fazendas estão buscando para cumprir obrigações como a nota fiscal eletrônica", diz Neger.

Fundada em 1987, a Neger era focada em equipamentos agropecuários. O engenheiro começou a se interessar pelas telecomunicações e, em 1993, passou a oferecer serviços de telefonia para os clientes do pai. Aos poucos, foi ganhando mercado no interior paulista. Hoje, se dedica apenas às telecomunicações, e tem clientes em vários Estados. A empresa faturou no ano passado R$ 3 milhões e cresceu 10% em relação a 2008 só com o faturamento de produtos de desenvolvimento próprio.

O diferencial da empresa é oferecer uma solução adequada para cada cliente. Seus técnicos podem ser vistos cruzando de barco rios amazônicos do Pará, mapeando o relevo do cerrado de Goiás ou estudando montanhas do RS.

"Sempre fomos uma empresa de nicho e somos muito focados. Queremos continuar com esse serviço personalizado. Não adianta concorrer com as grandes empresas, não temos escala para isso", diz Neger. Para maquinar as soluções, ele mantém um time de 12 engenheiros de telecomunicações focados no desenvolvimento de novos produtos que podem demandar seis meses de estudos e até sete de testes. No ano passado, a empresa licenciou cinco produtos em três meses.

CRÉDITO

Para financiar as pesquisas, Neger conseguiu um apoio de R$ 1,5 milhão da Finep, agência de fomento à inovação. A oportunidade veio por acaso. Ao assistir a uma palestra sobre empresas que inovam, descobriu que a sua se encaixava na categoria. Mandou um projeto e foi contemplado. Ele também usa crédito do Cartão BNDES para serviços de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) para custear o licenciamento de produtos de prateleira, como os três roteadores 3G que lançou no ano passado. A certificação de cada um pode chegar a R$ 30 mil.

"Não sabia que fazia P&D. Achava que isso era só para quem fica de jaleco branco num laboratório", diz. "Tinha muitas ideias na bancada, mas pensava duas vezes antes de colocar no mercado por causa do custo alto para licenciar. Lançava um e tinha de esperar o retorno do mercado para lançar outro. Agora o gargalo ficou na frente. Pago o financiamento com o retorno do produto."