Internet de baixo custo para a região amazônica
Data de postagem: Jan 25, 2012 2:12:50 AM
Apenas 10% dos domicílios da Região Norte possuem acesso à internet, segundo revela a 5ª Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil.
O estudo foi divulgado pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic).
No Sudeste, o percentual triplica para 33%. Tais taxas deixam claro o quanto a região amazônica carece de algum tipo de acesso à rede mundial de computadores.
Os principais motivos apontados pelos participantes da pesquisa para a falta de internet nos domicílios é o alto custo (56%) e a indisponibilidade do serviço (30%).
A Neger Telecom, empresa de Campinas (SP) que desenvolve soluções de telecomunicação, parece não se intimidar com as enormes distâncias e a notória falta de infraestrutura da região amazônica. Desde o ano passado vem desenvolvendo o RuralMax Amazônia, produto que visa tornar o acesso à internet mais fácil por lá.
O produto é um desdobramento do RuralMax, voltado à instalação de internet em áreas rurais.
Do campo à floresta
Eduardo Neger, diretor da empresa, conta que a partir de 2000 seus clientes em áreas rurais passaram a demandar não só telefonia convencional, mas também internet.
Muitas vezes, a única opção existente no campo é o uso de satélites, um serviço caro. Segundo o empresário, um link por satélite com velocidade de 128 quilobits por segundo (Kbps), custa R$ 400 por mês. A instalação sobe para a casa dos R$ 2,5 mil.
Foi esse quadro que levou a empresa a criar o RuralMax. A estratégia foi otimizar equipamentos e a infraestrutura de comunicação existentes. Com isso, criou um sistema que capta e amplifica o sinal da rede celular da área urbana mais próxima.
O custo mensal fica na casa dos R$ 50, pagos à operadora de telefonia. Quando há uma rede celular de terceira geração (3G) por perto, a mensalidade é de cerca de R$ 100.
A instalação varia de R$ 750 a R$ 1,5 mil. Em locais com relevo acidentado, a Neger lança mão de transmissão pelas radiofrequências abertas de 2,4 Gigahertz (GHz (usada em redes WiFi) e 5,8 GHz.
Um novo desafio apareceu no caminho da Neger quando um de seus clientes solicitou a instalação do RuralMax em uma propriedade no interior do Amazonas.
Ao chegar lá, a empresa encontrou muitas barreiras, desde a dificuldade de acesso, já que muitas vezes a única opção de transporte são os barcos, até a falta de uma rede elétrica convencional. "O nosso sistema não servia para nada lá", diz Neger.
Foi então que, no meio do ano passado, a empresa partiu para o desenvolvimento do RuralMax Amazônia. O projeto foi contemplado com R$ 1,4 milhão de subvenção econômica da Financiadora de Estudo e Projetos, a Finep.
Para contornar a falta de fornecimento de energia, a Neger tem recorrido a painéis solares fotovoltaicos. A empresa também detectou uma demanda grande por acesso tanto de voz quanto de dados em embarcações na região.
Por isso, ela tem trabalhado em uma solução híbrida reunindo conexões por satélite, rede celular e também por Wi-Fi. "Um sistema como esse precisa perceber qual o sinal existente na região e usar o que tiver melhor qualidade ou menor custo", afirma o empresário.
"Estamos desenvolvendo também softwares e hardwares para otimizar a conexão por satélite. A ideia é utilizar esse tipo de banda o mínimo possível", afirma.
Um dos objetivos é o produto final permitir que proprietários de embarcações possam oferecer acesso à internet como serviço aos passageiros.
"Nossa preocupação é o custo ser compatível com a renda das pessoas da região", conclui.